agradeço pelo silêncio que conquistei dentro de mim, mesmo que invisÃvel e incomensurável;
pelo que esvaziei, pelo que perdi;
por cada reencontro que tive com a coragem;
por avançar em direção a quem sou;
por não desistir do amor e de amar;
por honrar escolhas que fiz com todo meu coração - mesmo nos momentos mais difÃceis;
pelos dias ensolarados;
por tudo que é simples.
pelas ressignificações de memórias, por todas as vezes que rasguei com as mãos a saÃda dos labirintos da mente;
por adicionar razão onde o abstrato sobra;
e por saber brincar em dias sombrios.
por descer às profundezas, e compreender, pra além dessas imagens, a capacidade de transformar o inaceitável em aprendizado;
por abandonar as crueldades do ego.
por elaborar um luto com aprendizado: a preciosidade da vida e do tempo e a magnificência do compartilhar presença enquanto há.
por todas as vezes que cozinhei pra mim.
por querer mudar, que é o mesmo (exato) significado de querer viver; Â
por aprender a me amar mesmo sendo falha e a me respeitar mesmo sendo pequena.
por encontrar suma importância no menor gesto – meu e dos outros.
por firmar com mais cuidado a escolha das palavras porque todo verbo é mágico e a ordem obviamente altera o resultado.
por me julgar menos, observando os ciclos e as marés que se impõem dentro de mim e ditam um ritmo natural, onde me navegar pode ser leve ou catastrófico, e constatar - com certa leveza, que ambos fazem parte da mesma travessia que eu amo;
por enxergar que mesmo minha vida estando muito diferente do que eu gostaria, assim é: por consequência de tudo aquilo que fui capaz e incapaz de escolher, e por isso é perfeita.
pela certeza que incapacidade se cura, e que todo arrependimento é um recorte ilusório de uma vida que não é minha.
pela compreensão que aceitando a vida como se apresenta, aceito essa versão de mim que cria essa realidade sendo quem é.
que aceitação é o trampolim do amor.
que saber remover o que atrapalha é mais importante que ter a ferramenta certa.
pela clareza da autorresponsabilidade, ainda que desafiadora, que me devolve a capacidade de transformar o meu entorno transformando primeiro a mim;
que a meta mais mirabolante não se sustenta sem o básico: alimentação, sono, movimento e organização (interna e externa);
por perceber que sucesso, pra mim, é interno.
por estar viva, (re)aprendendo a me cuidar com as nuances de cada dia que passa diferente e igual;
à par do entendimento: o mistério de experimentar a vida através do que eu sinto, e descobrir novos jeitos de sentir;
e por todas as possibilidades disponÃveis - que começam agora e o tempo inteiro.
pelo veÃculo-corpo que é capaz de movimentar minhas intenções
por onde passo.
e pelo desembrulhar do tempo: que permite fluir as sutilezas e as selvagerias do sentir, e o sujar as mãos de terra - quantas vezes forem necessárias, plantar a mudança.
porque hoje me celebro, te celebro também.
carrego o sentimento, e te convido: não estaremos sozinhos, porque temos uns aos outros.
e alguns desejos:
que não nos falte poesia.
nem dependamos de uma linha imaginária no tempo-espaço pra sermos versões mais integradas de nós mesmos: não façamos pelo número, mas pelo amor.
a começar aqui, e que então reverbere;
e na jornada – que não se limita a começo, meio ou fim, possamos descobrir caminhos transformadores - dentro e fora de nós, e então nasça a capacidade de inspirar outros a atravessarem a própria consciência em busca de si mesmos, e assim por diante.
ao encontrar impulsos de margear quem somos com outros contornos: experimentar a imensidão do diferente, vestir as multifacetas de estar vivo, transformar-se.
e celebrar o que é possÃvel.
escolher o caminho com a coragem de sermos mais verdadeiros. rasgar, se preciso.
e ir, com alegria.
não porque sabemos as respostas, mas porque gostamos de ser imperfeitos.
Uma ode ao agora, ao possÃvel, ao humano, ao amor. Que lindo, amiga. Que lindo.
Que texto maravilhoso! Obrigada por partilhar.