um dia me disseram que se eu quisesse entender minha relação com o dinheiro, eu precisava olhar pra minha relação com a minha mãe.
me pergunto se isso serve só pra mim;
por isso compartilho a primeira parte dessa reflexão que me abriu muitas portas, evocando os arquétipos do feminino e do masculino e a história dos naipes do tarô.
a energia feminina se relaciona com a lua, com fases bem delimitadas pelos seus ciclos naturais.
suas manifestações são internas, e portanto difíceis de definir à primeira vista.
carrega traços da noite, do mistério, daquilo que está do lado de dentro, dos sonhos, dos sentimentos, daquilo que é complexo.
nos naipes, a energia feminina é representa por copas, que está relacionado ao amor, e por ouros, que está relacionado às necessidades.
ambos os naipes são considerados como receptivos de acordo com Jodorowsky, no livro “o caminho do tarot”.
a energia da receptividade indica a capacidade de receber como sendo maior que a de doar, já que no yin yang as forças opostas coexistem.
a energia feminina é a que prepara o solo pra receber a semente.
o preparo é a parte ativa da receptividade.
e ainda dentro do arquétipo da lua, a energia feminina carrega a potência de emanar a luz que recebe - sem a qual permaneceria oculta; assim como carrega a potência de gerar a semente que recebe - sem a qual não pode germinar.
a energia feminina poderia ser resumida na palavra geração, porque ela gera tanto o espaço quanto os nutrientes pra que a semente cresça, e assim sangra todos os óvulos não fecundos antes de gestar o novo e se nutre pra ser capaz de nutrir.
a energia masculina se relaciona com o sol, com um ritmo compassado e óbvio.
suas manifestações são externas, e por isso podem ser vistas nitidamente.
tem repetição, é previsível.
carrega os traços do céu aberto, daquilo que está do lado de fora, das ações.
dialoga com o simples, e portanto racional.
nos naipes, a enegia masculina é representada por espadas, que se relaciona a racionalização, e por paus, que representa a motivação.
para Jodorowsky, esses dois naipes são considerados ativos. a energia da atividade indica a capacidade de doar como sendo maior que a de receber.
a energia masculina é a que planta a semente, e continua regando até nascer.
a espera é a parte passiva da ação.
e ainda dentro do arquétipo do sol, a energia masculina carrega a potência de possibilitar a vida e manter o funcionamento de todo o sistema - sem o qual emanaria sua luz para o vazio.
a energia masculina poderia ser resumida na palavra sustentação, porque ela sustenta a geração da vida através da ação repetida que provê os nutrientes externos para que a semente se desenvolva.
as energias masculina e feminina estão dentro de cada um de nós.
é a dança entre elas que permite a existência de tudo que existe.
quando trago o feminino e o masculino como arquétipos, embora esteja usando metáforas do ventre e da semente, me refiro às energias que eles carregam e que não têm relação com a delimitação de gênero do homem ou da mulher, já que ambos carregam a potência de ambas energias em si.
ainda sobre os naipes do tarô: o amor-copas e a necessidade-ouros (energias femininas e receptivas) possuem final feliz em sua trajetória.
aquilo que recebemos dialoga com o nosso preparo, e portanto recebemos aquilo que somos capazes de nutrir. nesse lugar da receptividade, à parte do preparo, o que recebemos têm origem no divino, na fé.
enquanto a racionalização-espadas e a motivação-paus (energias masculinas e ativas) possuem final trágico em sua trajetória.
porque quando o pensar (espadas) & fazer (paus) está desconectado do amor (copas) & da necessidade (ouros) a história termina em esgotamento, ou seja, quando o masculino age de forma isolada, ele rejeita o feminino que provê os nutrientes sem os quais a semente não se desenvolve. nesse lugar da atividade, à parte da espera, nossas ações têm origem na limitação humana.
pensar & fazer são consequências naturais das nossas necessidades e do nosso amor - e esse amor começa por si mesme.
se essa equação está desequilibrada, essa dinâmica vai acontecer de forma inconsciente e, portanto, fragilizada.
pra mudar os resultados, precisamos parar de culpar a semente (externo) e preparar melhor o solo (interno).
a fixação por polir a mente e as atitudes não nos trará resultados se for feita de forma isolada do aprimoramento do amor-próprio e da fé.
e quando falo fé aqui, não é fé no divino. é fé em si mesmo - que no final das contas, é a mesma coisa.
caso você não saiba, eu faço consultas individuais de tarô terapêutico.
o tarô é uma ferramenta investigativa que pode ser uma grande aliada na jornada de autoconhecimento e nos ajudar a entender melhor padrões limitantes e pontos de aprimoramento.
se tiver interesse ou quiser saibar mais, me chama aqui :)
Luisa, seus textos são tão inteligentes e incríveis. Só consegui ler agora, mas a sensação que tenho é que é de grande valia voltar e ler de novo. Muitas informações preciosas. Obrigada por compartilhar ❤
"pra mudar os resultados, precisamos parar de culpar a semente (externo) e preparar melhor o solo (interno)" . Esse é um exercício diário que tenho feito. Olhar e perceber que a mudança começa dentro de mim. Os sentimentos me ajudam a me orientar nessas horas, quando percebo que estou me desviando do meu desejo de mudança (ex.: ser uma pessoa mais alegre), os meus sentimentos me indicam (ex.: eu me sentindo triste "sem motivo"- obs.: na verdade o motivo são os pensamentos padronizados que rodam na minha cabeça, os que eu tenho que mudar ) e assim consigo retornar ao objetivo.
Acho muito interessante que a conexão entre os assuntos existe em tudo, e aqui, tal como estamos, a dualidade sempre se perpetua... a questão é como fazer com que a parcela "negativa" não seja a maior parcela da equação desequilibrada... hahahahha
enfim muitos questionamentos ihihihihih
Luisa, obrigada demais. Eu espero que vc não canse de ler que vc é incrível :)
Acho tarô super bacana! Não sabia que você trabalha com ele. Amei!